Economia

Setores taxados pelos EUA esperam reversão da alíquota de 50%

As negociações entre Brasil e Estados Unidos podem ter um impacto significativo nas tarifas sobre produtos brasileiros, especialmente após a reabertura de diálogos técnicos. Organizações de vários setores, que foram impactadas pelas tarifas do ex-presidente Donald Trump, indicam que essa iniciativa é um passo positivo para reavaliar as alíquotas impostas.

Inicialmente, os Estados Unidos implementaram uma taxa de 10% sobre todos os produtos brasileiros, que posteriormente foi aumentada para 50%, com algumas exceções. Um dos produtos mais afetados é o café, que possui alta demanda nos Estados Unidos. A Associação Brasileira do Café (Abic) está se mobilizando para que as tarifas sobre o café brasileiro sejam reavaliadas, uma vez que o Brasil é o maior fornecedor desse produto, respondendo por cerca de 30% das importações americanas.

Os últimos encontros entre os presidentes dos dois países foram descritos como mais positivos, e a Abic mantém otimismo sobre uma possível reavaliação das tarifas. Pavel Cardoso, presidente da Abic, destacou que as relações históricas entre Brasil e Estados Unidos possibilitarão uma análise mais equilibrada.

Em setembro de 2025, as exportações de café do Brasil para os Estados Unidos tiveram uma queda de 53% em comparação ao mesmo mês do ano anterior, totalizando 333 mil sacas. Essa redução é atribuída ao aumento das tarifas, que surpreendeu o setor, pois havia a expectativa de isenção para o café, em razão de sua relevância no mercado americano. Mesmo assim, de janeiro a setembro, os Estados Unidos permaneceram como o principal comprador do café brasileiro, importando 4,361 milhões de sacas, o que representa 15% do total exportado pelo Brasil no período. Os principais compradores seguem sendo a Alemanha, Itália e Japão.

A Abic ressalta que, apesar dos desafios impostos pelas tarifas, o café brasileiro mantém uma posição sólida no mercado internacional devido à sua competitividade e qualidade. A entidade confia na parceria de longo prazo entre os dois países para resolver essa questão.

No âmbito das carnes, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) também analisou positivamente os diálogos entre os presidentes. O Brasil, maior exportador de carne bovina do mundo, alcançou um recorde de exportações em setembro, com vendas de 352 mil toneladas, um crescimento em comparação com o ano anterior e até mesmo em relação a agosto. A diversificação de mercados, como México e China, contribuiu para esse aumento.

Embora as exportações para os Estados Unidos tenham enfrentado uma retração devido às tarifas, este país continua sendo um mercado importante. No acumulado do ano, as vendas para os EUA cresceram 64,6% em volume e 53,8% em valor, em relação a 2024. A Abiec acredita que um entendimento entre Brasil e Estados Unidos pode ajudar a preservar a competitividade da carne bovina brasileira e aumentar sua presença no mercado americano.

Fernando Valente Pimentel, da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), não espera resultados imediatos nas negociações, mas considera que um acordo pode ser alcançado em breve. Ele acredita que, embora a remoção das tarifas não ocorra imediatamente, a abertura para negociações representa um avanço importante para a normalização das relações comerciais entre os dois países.

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