Exportação de grãos gera US$ 7 bi à Argentina em 72 horas

A semana começou agitada na Argentina, onde o governo decidiu suspender temporariamente os impostos de exportação sobre soja, milho, trigo e seus derivados. Essa medida foi criada com a intenção de atrair dólares para aumentar as reservas do Banco Central, em um momento de incertezas políticas em relação ao governo de Javier Milei. Embora a estratégia tenha se mostrado eficaz financeiramente, causou descontentamento entre o presidente e os agricultores.

A suspensão dos impostos valia até o final de outubro ou até que as exportações atingissem um total de 7 bilhões de dólares. Esse montante foi alcançado em apenas 72 horas. A China, que ainda não comprou soja dos Estados Unidos neste ano, aproveitou para adquirir pelo menos dez navios de 65 mil toneladas da Argentina.

No entanto, na quarta-feira, o governo decidiu restabelecer os impostos, que variavam de 26% para a soja e 9,5% para milho e trigo. A medida deixou muitos agricultores insatisfeitos. Durante os três dias de isenção, houve uma corrida por parte das grandes tradings internacionais para registrar as vendas ao exterior antes que o limite de 7 bilhões de dólares fosse alcançado. Contudo, isso não significa que os grãos tenham sido comprados imediatamente, pois os exportadores têm até 360 dias para embarcar os produtos.

Nesse breve período, os exportadores argentinos registraram vendas de mais de 19,5 milhões de toneladas de grãos sem o imposto. Como não têm toda essa produção em estoque, agora precisarão comprá-la novamente, mas com os impostos restabelecidos, o que tende a desvalorizar o produto.

A Coninagro, uma confederação de agricultores, expressou descontentamento, afirmando que a medida não beneficiou os produtores, que são os que mais arriscam na cadeia de produção. A confederação destacou que a isenção foi mais uma oportunidade de negócio para grandes tradings do que um alívio real para os agricultores.

Um levantamento mostrou que sete empresas se concentraram em 86% das exportações realizadas durante o período de isenção: Louis Dreyfus, Cargill, Bunge, Cofco, Viterra e as argentinas Aceitera General Deheza e Molinos Agro.

Milei, que foi eleito prometendo uma política de livre comércio, tem visto seu apoio entre os agricultores diminuir. Estes, por sua vez, estão intensificando a pressão sobre o governo por um alívio nos impostos, uma vez que a carga tributária tem reduzido a competitividade das exportações agrícolas argentinas e desestimulado o aumento da produção.

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