Empresas dos Estados Unidos estão implementando uma nova cobrança, conhecida como “taxa Trump”, nas faturas dos clientes. Essa taxa visa esclarecer que o aumento de preços é decorrente das tarifas impostas pelo governo. A estratégia, embora arriscada, busca aumentar a visibilidade das marcas, especialmente em um contexto de tensões comerciais. Para algumas empresas de nicho, essa é uma oportunidade de se destacar.
Entre os defensores dessa abordagem está Ryan Babenzien, fundador da Jolie Skin Co., que anuncia a implementação da “Tarifa de Libertação Trump” em seus produtos, com um aumento previsto, ainda sem valor definido, sobre o preço de US$ 150. “Estamos dando total crédito a Trump por essa tarifa que afeta todos os consumidores americanos,” destacou Babenzien.
A Jolie Skin Co. está desenvolvendo um sistema exclusivo para incluir essa cobrança em seu site, que opera na plataforma Shopify. A inclusão de taxas semelhantes em e-commerces tem sido amplamente debatida em fóruns online, com sugestões para que a Shopify considere adicionar essa funcionalidade ao seu pacote padrão. No momento, a plataforma não oferece essa opção, mas permite personalizações através de programadores ou aplicativos externos.
A introdução de uma taxa adicional serve para demonstrar que as empresas não têm controle total sobre todos os custos, especialmente com o aumento significativo dos preços em setores como transporte e energia. Recentemente, restaurantes também incorporaram cobranças extras em seus menus devido à alta no custo dos ovos no início do ano.
A guerra comercial iniciada por Donald Trump continua a gerar incertezas, apesar do adiamento das tarifas para a maioria dos países por um período de 90 dias. A China, por sua vez, enfrenta tarifas que podem chegar a 145%.
Enquanto grandes varejistas ainda buscam estratégias para absorver esses novos custos na cadeia de suprimentos, pequenos negócios frequentemente não têm alternativa a não ser repassar o aumento aos consumidores. Segundo Sky Canaves, analista da EMarketer Inc., marcas com público engajado podem se beneficiar de uma comunicação transparente. “Dada a incerteza sobre as tarifas e suas repercussões nos preços, os consumidores podem valorizar essa transparência”, comentou.
De acordo com Jarrad Berman, sócio da TZP Group, essa taxa tende a ser mais eficaz para empresas com uma oferta limitada de produtos e que vendem itens avulsos. Ele sugere que valores abaixo de US$ 10 são mais aceitáveis; no entanto, múltiplas cobranças em grandes compras podem afastar os consumidores. Berman observa que “não há uma fórmula única” para a implementação dessas taxas.
A fabricante de produtos íntimos Dame, por exemplo, instituiu uma “Trump Tariff Surcharge” de US$ 5 em alguns de seus brinquedos sexuais, que variam entre US$ 45 e US$ 140. A CEO e cofundadora, Alexandra Fine, explicou que a empresa, que importa seus itens da China, não conseguiu reduzir os custos de produção o suficiente para compensar o aumento das tarifas. Por isso, optaram por uma cobrança fixa, uma vez que não conseguiram aplicar a taxa como porcentagem em seu site também hospedado na Shopify. Fine também está em negociações com redes como Walmart e Target para repassar os custos.
Para ela, a decisão de implementar a taxa vai além do impacto financeiro: “Foi mais uma expressão de frustração e uma forma de deixar isso registrado na nota.”
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