A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou que a União Europeia (UE) está pronta para implementar medidas comerciais rigorosas, incluindo a possibilidade de tributar grandes empresas de tecnologia dos Estados Unidos, caso as negociações com o governo de Donald Trump não consigam resolver a crescente guerra tarifária entre as partes.
Em entrevista ao Financial Times, von der Leyen ressaltou a intenção da UE de alcançar um acordo “completamente equilibrado” com Washington durante uma pausa de 90 dias na aplicação de tarifas adicionais. No entanto, ela alertou que está disposta a expandir o conflito comercial para incluir novos setores, como o de serviços. Uma das medidas em consideração é um imposto sobre receitas provenientes de publicidade digital, o que afetaria empresas como Meta e Google.
“Estamos desenvolvendo medidas de retaliação,” afirmou von der Leyen. Ela especificou que isso pode incluir a utilização do instrumento de anti-coerção da UE, capaz de impactar exportações de serviços. As contramedidas em discussão podem envolver tarifas sobre o comércio de serviços entre EUA e UE, dependendo dos resultados das discussões com Washington.
A presidente também observou que a guerra comercial iniciada por Trump provocou “um ponto de inflexão completo no comércio global”, afirmando que não haverá retorno ao status quo anterior. “Não há vencedores nisso, apenas perdedores”, acrescentou, referindo-se aos impactos negativos nos mercados de ações e títulos.
O comitê da Comissão Europeia decidiu suspender temporariamente suas retaliações planejadas contra tarifas sobre aço e alumínio dos EUA, que poderiam afetar cerca de € 21 bilhões em importações. Von der Leyen explicou que as tentativas de negociação com os EUA já tinham sido feitas, mas a UE foi instruída a aguardar a declaração de Trump, que estabeleceu uma tarifa recíproca de 20% sobre a UE.
Se as negociações não forem bem-sucedidas, a UE reativará automaticamente as medidas de retaliação previamente planejadas. Além disso, von der Leyen indicou que novas contramedidas poderiam visar o grande superávit de serviços que os EUA possuem com a UE, destacando que 80% dos serviços disponíveis no mercado europeu provêm dos Estados Unidos.