A China anunciou, na quinta-feira, 10 de agosto de 2023, a restrição imediata das importações de filmes de Hollywood. A medida é uma resposta às recentes tarifas elevadas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos chineses. Desde 1994, a China permitia a importação de dez filmes norte-americanos por ano, modelo que agora enfrenta mudanças.
A Administração Nacional do Cinema da China (NFA) afirmou que o aumento das tarifas prejudicará a demanda por filmes norte-americanos no país, que já enfrentava um período de declínio nos últimos anos. “Seguiremos as regras do mercado, respeitaremos as escolhas do público e reduziremos moderadamente o número de filmes americanos importados”, comunicou a NFA em seu site oficial.
Chris Fenton, autor de “Feeding the Dragon: Inside the Trillion Dollar Dilemma Facing Hollywood, the NBA, and American Business”, comentou que essa estratégia é uma forma significativa de retaliação que, segundo ele, acarreta poucos riscos para a China. Ele destacou que os filmes de Hollywood representam apenas 5% das receitas totais de bilheteria no mercado chinês. Além disso, a China aplica uma taxa de 50% sobre essa receita antes que os lucros sejam enviados de volta aos Estados Unidos. Fenton observou que os estúdios de Hollywood recebem apenas 25% da receita proveniente da bilheteira chinesa, enquanto em outros mercados essa participação pode ser o dobro.
Fenton afirmou que essa ação é uma demonstração de força de Pequim, com vantagens claras para a China, que certamente repercutirá em Washington. Desde 2000, filmes como “Titanic” e “Avatar” se tornaram grandes sucessos na China, contribuindo para a popularidade de atores e diretores norte-americanos entre o público chinês.
Atualmente, a China ocupa a posição de segundo maior mercado cinematográfico do mundo. Contudo, a ascensão da produção local tem feito com que o interesse do público por filmes norte-americanos esteja em queda. Desde 2020, as produções chinesas têm gerado cerca de 80% da receita anual de bilheteira, um aumento significativo em comparação aos 60% registrados anteriormente. Na lista dos filmes de maior bilheteira da China, apenas um título importado, “Vingadores: Ultimato”, figura entre os 20 primeiros, com uma receita de 4,25 bilhões de iuanes (aproximadamente US$ 579,83 milhões). Todos os outros são produções nacionais.