O Irã e os Estados Unidos deram início a uma nova rodada de negociações em Roma, com o objetivo de avançar nas discussões sobre o programa nuclear iraniano. Esses encontros, mediados por Omã, ocorrem de maneira indireta, com as delegações mantendo-se em salas separadas. As conversas são lideradas pelo ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, e pelo enviado especial dos EUA, Steve Witkoff.
A primeira rodada de negociações ocorreu em Mascate, capital de Omã, e as atuais discussões acontecem em um contexto de crescente tensão no Oriente Médio. Essa tensão é exacerbada pela guerra entre Israel e Hamas, além de recentes ataques aéreos dos EUA contra rebeldes houthis no Iêmen. O potencial de um confronto militar direto relacionado ao programa nuclear iraniano é uma preocupação significativa para as potências envolvidas.
De acordo com a Bloomberg, o Irã busca assegurar que seu programa nuclear mantenha um caráter pacífico, enquanto os EUA insistem na interrupção do enriquecimento de urânio em níveis críticos. Em uma mudança de tom, Witkoff chegou a afirmar que o Irã poderia manter o enriquecimento para fins civis, mas posteriormente recuou, reivindicando seu desmantelamento. Essa oscilação gerou reações adversas em Teerã.
Conforme reportado pela CNBC, as negociações ocorrendo na Embaixada de Omã em Roma coincidiram com o fim de semana da Páscoa. Witkoff e Araghchi tinham se envolvido em atividades diplomáticas anteriormente: enquanto o americano esteve em Paris para tratar da guerra na Ucrânia, o iraniano visitou Moscou e encontrou-se com o presidente Vladimir Putin, sugerindo um possível interesse da Rússia em um novo acordo.
A retomada dessas conversas é considerada um marco, dado o histórico de antagonismo entre os dois países, especialmente após a retirada dos EUA do acordo nuclear de 2015 durante a presidência de Donald Trump. A possibilidade de um novo entendimento trouxe expectativas econômicas ao Irã, que registrou uma recuperação do rial iraniano, que havia alcançado níveis recordes de desvalorização.
O diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, também esteve em Roma no mesmo período, reunindo-se com autoridades italianas e iranianas. A AIEA deverá ter um papel crucial na verificação do cumprimento de um eventual novo acordo. A Itália, conhecida por sua atuação como mediadora no Oriente Médio, se ofereceu para apoiar as negociações, inclusive em aspectos técnicos.
Apesar do tom diplomático predominante, analistas identificam desafios consideráveis à frente, como a exigência do Irã de manter seu programa de enriquecimento e a pressão internacional para impossibilitar o avanço em direção à fabricação de armas nucleares. Um alto conselheiro iraniano declarou: “O Irã veio em busca de um acordo equilibrado, não de uma rendição”.