DUBAI (Reuters) – O Irã anunciou, nesta sexta-feira, que está disposto a dar uma oportunidade real às negociações nucleares com os Estados Unidos, que ocorrerão no próximo sábado. A declaração surge após uma recente ameaça do presidente Donald Trump de retaliação militar caso as conversações não avancem positivamente.
Trump surpreendeu ao revelar, na segunda-feira, que as discussões entre Washington e Teerã teriam início em Omã, um país do Golfo que já atuou como mediador nas relações entre o Ocidente e a República Islâmica. A mudança na abordagem dos Estados Unidos, que já havia se afastado do acordo com o Irã em 2015, acontece com a nova administração de Trump, que retornou ao cargo em janeiro e adotou uma postura mais assertiva em relação ao programa nuclear iraniano, considerado uma ameaça pelo aliado de Washington, Israel.
Recentemente, o Irã e seus aliados enfrentaram dificuldades devido a operações militares israelenses na região, incluindo ataques aéreos no Irã, após o Hamas, um grupo militante palestino, ter iniciado hostilidades a partir de Gaza em outubro de 2023.
As negociações serão conduzidas pelo ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, e pelo enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, com o apoio do ministro das Relações Exteriores de Omã, Badr al-Busaidi, como mediador. O Ministério das Relações Exteriores do Irã enfatizou, em comunicado, que é crucial que os Estados Unidos reconheçam a disposição do Irã para dialogar, apesar de um contexto de “confronto predominante” com Washington.
“O objetivo é verificar a intenção do outro lado neste sábado”, afirmou o porta-voz Esmaeil Baghaei em uma publicação nas redes sociais. “Estamos comprometidos em dar à diplomacia uma chance genuína.” O vice-ministro das Relações Exteriores do Irã, Majid Takht-e Ravanchi, também ressaltou que, na ausência de ameaças e intimidações por parte dos Estados Unidos, as perspectivas para um acordo seriam favoráveis, rejeitando qualquer forma de coerção.
A situação é complexificada por recentes ataques aéreos dos EUA no Iémen, que visam os Houthis – grupo alinhado ao Irã que tem atacado rotas marítimas no Mar Vermelho, um dos focos de apoio ao Hamas. Em paralelo, Israel intensificou sua campanha militar contra o Hamas, que recebe suporte do Irã, após um breve período de trégua, enquanto a situação com a milícia libanesa Hezbollah, também apoiada por Teerã, permanece instável.