A China reforçou sua posição em meio às crescentes tensões comerciais com os Estados Unidos, reiterando a disposição de proteger seus interesses econômicos. Apesar de afirmar que não busca guerras comerciais, autoridades chinesas deixaram claro que responderão de forma enérgica às tarifas impostas pelo governo norte-americano, frequentemente referidas como “bullying dos EUA”. Lin Jian, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, destacou nesta quinta-feira (10) que o país não ficará passivo enquanto seus direitos são violados.
Recentemente, o governo chinês anunciou uma série de medidas de retaliação, incluindo o aumento das tarifas sobre produtos importados dos EUA para 84% e a inclusão de seis empresas americanas na lista de entidades não confiáveis. Além disso, 12 organizações dos EUA foram adicionadas à lista de controle de exportação. Estas ações, que começaram à meia-noite desta quinta-feira, foram uma resposta ao aumento das tarifas recíprocas dos EUA, que subiram de 34% para 84% sobre as importações chinesas.
Como parte de sua resposta, a China também protocolou uma reclamação contra os EUA junto à Organização Mundial do Comércio (OMC), questionando o aumento das tarifas. Em um white paper publicado na quarta-feira (9), o Escritório de Informação do Conselho de Estado da China enfatizou que as relações comerciais entre os dois países devem ser mutuamente benéficas, reforçando a necessidade de cooperação em vez de confrontação.
Além das retaliações comerciais, a China anunciou planos de reduzir gradualmente a importação de filmes norte-americanos. Um porta-voz da Administração de Cinema da China afirmou que essa medida é uma resposta ao aumento das tarifas dos EUA, que pode impactar as preferências do público local. A administração também destacou a intenção de abrir espaço para filmes de outros países, mantendo a qualidade de opções para os consumidores.
No setor cinematográfico, o sucesso do filme “Ne Zha 2”, que arrecadou cerca de 15,5 bilhões de yuans (aproximadamente 2,16 bilhões de dólares), ressalta a capacidade do mercado chinês. Completando suas conquistas, o filme tornou-se a primeira animação a ultrapassar a marca de 1 bilhão de dólares em um único mercado, consolidando-se como um fenômeno de bilheteira.
Em resposta ao “tarifaço”, a China implementou medidas para estabilizar seus mercados de capitais. Governos e autoridades reguladoras anunciaram ações rápidas, incluindo o incentivo à recompra de ações e o aumento do limite de investimento em setores estratégicos. No início do mês, o Ministério das Finanças informou que emitirá 500 bilhões de yuans (cerca de 69,7 bilhões de dólares) em títulos especiais para fortalecer a situação financeira dos bancos comerciais estatais.
Em adição, a China reforçou seu sistema de crédito, permitindo que instituições financeiras tenham acesso a dados mais completos sobre pequenas empresas, facilitando o acesso ao financiamento. Em fevereiro, os empréstimos totais alcançaram 37,3 trilhões de yuans (retornando cerca de 5,2 trilhões de dólares), aliviando as dificuldades financeiras das pequenas empresas.
Recentemente, a China também impôs sanções a 12 empresas americanas, incluindo a Shield AI e a Sierra Nevada Corporation, por supostas cooperações tecnológicas militares com Taiwan. Essas empresas sofrerão restrições em suas operações comerciais dentro do país, uma ação que, segundo autoridades, visa proteger a segurança nacional e os interesses de desenvolvimento da China.
Por fim, o governo chinês anunciou uma atualização em sua política de reembolso de impostos para turistas estrangeiros, flexibilizando a recuperação do Imposto sobre Valor Agregado (IVA). Agora, os visitantes podem reivindicar descontos no imposto imediatamente em pontos de venda, uma medida que visa estimular o consumo durante suas visitas ao país.
(Com informações da Agência Xinhua, Estadão Conteúdo, Reuters e Global Times)