Comprar imóveis para aluguel é uma ideia popular entre os brasileiros em busca de renda passiva. Recentemente, a modalidade de aluguel por temporada ficou mais comum, não se restringindo apenas a áreas litorâneas. Esse crescimento é impulsionado pelo aumento do trabalho remoto e pela procura por experiências diferentes das oferecidas por hotéis tradicionais.
Um estudo recente revelou que o aluguel por temporada representa 7% dos imóveis em Florianópolis, 6,3% em Curitiba, 5,6% em Porto Alegre, 3,7% em São Paulo e 2,8% em Recife. Esse movimento foi amplificado pelo uso de plataformas digitais de aluguel, como o Airbnb, que conta com 5 milhões de anfitriões ao redor do mundo e já atendeu mais de 2 bilhões de hóspedes. O Brasil é o terceiro país em número de anfitriões nesse serviço. Esse cenário leva a questionamentos sobre a viabilidade de investir em imóveis para aluguel por temporada.
### Rentabilidade
Os dados asseguram que tanto o aluguel tradicional quanto o de temporada são alternativas atrativas para investidores. Um estudo do FGV IBRE, em parceria com o QuintoAndar, indicou uma rentabilidade média de 19,1% ao ano em regiões metropolitanas como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Esse valor combina a valorização do imóvel, que foi de 12,9%, com a renda gerada pelo aluguel, que chegou a 6,2%.
Por exemplo, um apartamento de 50 metros quadrados comprado por R$ 365 mil no início de 2024 poderia gerar quase R$ 70 mil em rentabilidade no ano passado, contando tanto com o aluguel quanto com a valorização do imóvel. Esse levantamento utilizou dados do QuintoAndar e do Índice Geral do Mercado Imobiliário Residencial.
O aumento das taxas de juros tem dificultado o acesso à casa própria, resultando em uma crescente demanda por aluguéis. Além disso, a volta ao trabalho presencial e a revitalização de áreas centrais também têm estimulado a procura por alternativas de aluguel, como o de temporada.
### De olho na tendência
Diversas incorporadoras estão se adaptando a essa nova demanda ao lançar empreendimentos destinados ao aluguel de curta e média duração. A Parkside, por exemplo, com sede em Florianópolis, já administra três edifícios com um índice de ocupação de 90%. Para os líderes da empresa, a combinação dos modelos de aluguel por temporada e contratos mais longos é uma tendência crescente no mercado.
Atualmente, a Parkside está desenvolvendo novos projetos no Itacorubi e em Itajaí, com um investimento total de R$ 120 milhões.
### Financiamento
Apesar do crescimento do setor, o financiamento para imóveis voltados ao aluguel de temporada ainda não é amplamente oferecido por bancos tradicionais. Muitas oportunidades têm sido aproveitadas por fintechs como a Makasí, que se especializa em analisar a viabilidade econômica de projetos imobiliários.
O CEO da Makasí, Caio Bonatto, afirma que o aluguel de temporada pode ser mais rentável, oferecendo retorno mais rápido aos investidores. Atualmente, aproximadamente 5% dos financiamentos da Makasí são destinados a esse segmento, com a expectativa de que esse número chegue a 10% até o final do ano.
### Vale a pena investir?
Para as incorporadoras e fintechs, o aluguel por temporada abre novas oportunidades de negócio. Para investidores individuais, esse modelo pode oferecer um retorno maior, mas apresenta mais riscos quando comparado ao aluguel tradicional. O empresário Rômulo Villela, que começou alugando um quarto e agora gerencia 80 imóveis para temporada, explica que o aluguel tradicional é mais seguro, mas com retornos menores. Por outro lado, o aluguel por temporada, embora potencialmente mais lucrativo, exige uma gestão mais rigorosa.
Esse modelo requer um cuidado especial, pois os imóveis precisam estar bem mobiliados e equipados. Além disso, os investidores devem lidar com custos contínuos, como condomínio, IPTU e manutenção.
A localização do imóvel também é um fator crucial. Enquanto destinos como Florianópolis experimentam uma demanda elevada, algumas áreas, como São Paulo, estão apresentando sinais de saturação no mercado de aluguel por temporada. Optar por regiões com boa demanda e diversificar o portfólio são estratégias que os investidores podem adotar para mitigar riscos.
### Questões legais
O aumento do aluguel por temporada gerou discussões em condomínios em todo o país. A Lei do Inquilinato (8.245/91) autoriza essa forma de locação, permitindo contratos de até 90 dias. No entanto, a questão se complica quando se trata dos direitos dos proprietários versus regulamentos internos de condomínios, que buscam manter a segurança e a tranquilidade dos moradores.
### Perspectivas
Especialistas acreditam que a expansão do aluguel por temporada continuará, embora com a necessidade de ajustes na oferta e demanda. O segmento, que antes era considerado uma opção secundária, agora ocupa um espaço significativo no mercado imobiliário brasileiro. Os investidores são incentivados a adotar práticas de gestão profissional e a considerar cuidadosamente a localização dos imóveis para maximizar os retornos.