A maioria da população brasileira enfrenta dificuldades financeiras, conforme revela uma pesquisa recente. De acordo com os dados, 39% das pessoas afirmam que pagam suas contas, mas não conseguem economizar nada ao final do mês. Além disso, 19% dizem que não conseguem pagar todas as contas mensais.
A pesquisa, realizada pelo Datafolha e encomendada pela Planejar, Associação Brasileira de Planejamento Financeiro, coletou informações de 2.000 entrevistados das classes A, B e C, com 18 anos ou mais e acesso à internet. Os dados foram coletados entre 16 e 29 de julho de 2025 e têm uma margem de erro de 2 pontos percentuais, com um nível de confiança de 95%.
Segundo Ana Leoni, CEO da Planejar, o conceito de planejamento financeiro pode ser confuso para muitas pessoas. Algumas acreditam que estão planejando, mas na prática não atendem aos requisitos necessários para um bom gerenciamento financeiro. Outras, que seguem os critérios adequados, não se consideram planejadas.
No Congresso Internacional Planejar, realizado em São Paulo, o psicólogo Altay de Souza destacou que, mesmo sabendo o que precisam fazer para melhorar suas finanças, muitas pessoas têm dificuldade em transformar esse conhecimento em ações do dia a dia. Ele explicou que “decidir” e “escolher” não são a mesma coisa. Decidir envolve planejar o que será feito no futuro, enquanto escolher é agir com base em experiências passadas.
Souza também enfatizou que mudanças financeiras começam com pequenas ações diárias, e que muitos podem ser desencorajados por suas próprias vozes internas. No entanto, é essencial focar nas atividades cotidianas para ter sucesso nas finanças pessoais.
A pesquisa também aborda a busca da população por segurança financeira em situações imprevistas. Quando questionados sobre preferências entre pagar um pequeno valor fixo mensal por um seguro ou gastar uma quantia maior em caso de emergência, 58% dos entrevistados optaram pelo pagamento recorrente. Apenas 22% preferiram a opção de gastar uma quantia maior de uma vez.
Os seguros de saúde são os mais populares entre aqueles que têm alguma forma de proteção: 35% têm um plano de saúde ou convênio médico. Além disso, 24% possuem seguro funerário e 23% contam com seguro de carro ou moto. Somente 18% afirmaram ter seguro de vida ou contra acidentes, e 14% possuem seguro residencial.
Entre as pessoas que têm seguro, 91% têm em mente a importância de criar uma reserva para emergências, e 68% já iniciaram uma poupança com esse objetivo. A confiança em conseguir poupar é maior entre os que têm algum seguro: 53% deles se sentem confiantes, comparado a 34% daqueles que não possuem seguros.
A pesquisa também revelou um cenário dividido sobre planejamento sucessório. Quarenta e dois por cento dos entrevistados acreditam que seus familiares saberiam como acessar seus bens após sua morte, enquanto 32% nunca pensaram sobre o tema. Apesar de 57% afirmarem que já consideraram ou pretendem se organizar sobre o assunto, apenas 7% têm um testamento ou algum plano formal de distribuição de bens.
Em relação aos custos envolvidos em inventários e despesas sucessórias, 16% dos entrevistados já precisaram arcar com custos de inventário para receber uma herança. Somente 9% tomaram medidas para garantir recursos para cobrir essas despesas, a maioria pertencente à classe A. Oito por cento procuram investimentos que possam ser transferidos a herdeiros sem passar por inventário, embora 42% dos entrevistados não soubessem opinar sobre este tema.
O diretor de relacionamento com clientes da B3, Felipe Paiva, afirmou que existe grande potencial para engajar mais pessoas no mercado financeiro, ajudando-as a assumir o papel de investidores. Ele observou mudanças comportamentais, como o fim da ideia de que a poupança é a única boa opção de investimento. As instituições financeiras têm se adaptado para oferecer produtos mais simples e acessíveis, mas a pesquisa mostrou que muitos brasileiros ainda não se consideram investidores, mesmo possuindo recursos disponíveis.
