A atual conjuntura econômica no Brasil, caracterizada por altas taxas de juros e inflação, tem gerado apreensão entre a população. Uma pesquisa realizada pela consultoria Quiddity em parceria com a agência de comunicação ágora, parte do ecossistema Untold, investigou as tensões financeiras e outras preocupações dos brasileiros. Os dados foram divulgados pelo InfoMoney e revelam que um em cada três entrevistados considera sua situação financeira como ruim ou péssima.
Dentre os participantes da pesquisa, 56% expressam preocupação com a “garantia do sustento”, um aumento de 9 pontos percentuais em relação à pesquisa anterior de 2024. Em segundo lugar, 47% dos entrevistados mencionam a dificuldade em pagar dívidas com bancos como uma preocupação significativa.
Em contraste, 33% dos brasileiros avaliam sua condição financeira como ótima ou boa. Para esse grupo, as prioridades incluem guardar dinheiro (52%) e viajar (37%), evidenciando um desvio significativo das preocupações financeiras da população mais vulnerável.
“O brasileiro está cada vez mais orientado por percepções imediatas, relegando a segundo plano expectativas de longo prazo”
A deterioração da percepção quanto ao futuro do Brasil é notável. Atualmente, 39% dos brasileiros acreditam que a situação do país vai piorar significativamente, uma elevação em relação a 30%% reportado em 2024.
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Rebeca Gharibian, sócia-diretora da Quiddity, comenta que o Brasil sempre foi conhecido pela resiliência de seu povo, mas a situação atual desafia essa capacidade. Ela destaca que a policrise global – que abrange instabilidades políticas, econômicas, climáticas e digitais – impacta diretamente a vida dos brasileiros, que demonstram sinais de esgotamento.
“O que vemos na pesquisa é um cidadão mais desconfiado das instituições e inseguro em relação ao futuro”
Os principais fatores de estresse citados pelos entrevistados incluem mudanças climáticas (44%), sobrecarga na vida pessoal (32%) e ansiedade relacionada a transformações tecnológicas (28%).
Apostas online em foco
A pesquisa também abordou o tema das apostas online, que, segundo estimativas divulgadas pelo Banco Central, movimentaram entre R$ 20 bilhões e R$ 30 bilhões por mês no primeiro trimestre de 2025. O dado foi apresentado pelo secretário-executivo do Banco Central, Rogério Lucca, durante depoimento na CPI das Apostas Esportivas, no Senado.
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Entre os participantes que apostaram em 2024, 34% afirmaram ter reduzido ou abandonado o hábito em 2025, com a maioria pertencente às classes C e D. Este grupo apresenta um aumento para 61%% que planejam evitar apostas, refletindo uma postura mais cautelosa diante da instabilidade econômica, conforme aponta o relatório da pesquisa.