As expectativas do comércio para a Black Friday 2025 em São Paulo indicam um cenário de estabilidade, com um aumento moderado nas vendas. Pesquisas da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e da FecomercioSP mostram que, embora a data continue importante para o varejo, a intensidade das compras não será a mesma dos últimos anos, especialmente quando comparada a 2024, que teve um aumento significativo no consumo devido a promoções e à recuperação pós-inflação.
Um estudo realizado pela ACSP através da PiniOn com 861 famílias revelou que 34% dos paulistas têm planos de comprar na Black Friday, um percentual inferior ao do ano anterior. O número de consumidores indecisos aumentou para 31,5%, refletindo uma nova postura de cautela ao decidir sobre gastos e crédito.
Entre os que pretendem participar da Black Friday, 51,3% estão à procura de promoções reais, enquanto 51,9% querem adquirir apenas itens essenciais. Esse comportamento indica uma mudança rumo a um consumo mais consciente. Além disso, 31,9% dos entrevistados planejam antecipar compras para o Natal, sugerindo que as vendas de novembro não devem afetar significativamente as do mês seguinte.
Apesar da cautela, 44,6% dos consumidores que planejam comprar afirmam que gastarão mais do que em 2024. A maioria pretende gastar entre R$ 50 e R$ 900, o que é comum para reposição de produtos e itens de menor valor. O pagamento à vista continua sendo a preferência, com consumidores optando por dinheiro, débito ou Pix, em busca de evitar altos juros e manter as finanças sob controle, especialmente em um cenário de endividamento elevado.
As categorias de produtos mais procuradas incluem roupas, calçados e acessórios (37,8%), celulares (24,8%), perfumes (23,3%), móveis e artigos para o lar (22,1%), computadores e tablets (19,2%), televisores (18,7%) e linha branca (17,3%).
Quanto aos canais de venda, 60,6% das compras devem ocorrer em grandes redes varejistas, e 60,5% dos consumidores planejam fazer compras online, o que reflete uma tendência crescente de compras digitais. Na cidade de São Paulo, as intenções de compra são parecidas, com 32,3% dos consumidores planejando gastar, enquanto 35,5% declaram que não têm interesse e 32,2% estão indecisos. A utilização do 13º salário para compras deve ser uma estratégia para 46,8% dos entrevistados, um aumento em relação ao ano passado.
De acordo com o economista da ACSP, Ulisses Ruiz de Gamboa, o cenário é de estabilidade. Embora São Paulo continue sendo o maior gerador de empregos e renda do país, o alto custo de vida e o endividamento têm feito os consumidores agirem com mais precaução.
No geral, as intenções de compra não se limitam mais a eletrônicos. Produtos de uso pessoal também devem ser destaque nas promoções. A FecomercioSP projeta um crescimento de 3% nas vendas durante a Black Friday, totalizando R$ 82,7 bilhões em novembro no estado. No entanto, esse crescimento é menor do que o registrado em 2024. Os consumidores ainda estão comprando, mas preferem gastos baixos e buscam opções mais em conta diante do cenário econômico desafiador, que inclui juros altos e incertezas políticas.
As categorias que devem se destacar nas vendas, segundo a FecomercioSP, incluem:
– Vestuário, tecidos e calçados: R$ 11,68 bilhões, com um aumento de 5,2%
– Eletrodomésticos e eletrônicos: R$ 10,08 bilhões, crescimento de 3,2%
– Farmácias e perfumarias: R$ 13 bilhões, com alta de 2,6%
– Supermercados: mais de R$ 46 bilhões, aumentando 2,8%
– Móveis e decoração: R$ 1,86 bilhão, com uma retração de 2%
Os estudos indicam que, embora a Black Friday 2025 apresente uma perspectiva positiva, os resultados estarão distantes dos períodos de maior sucesso. As promoções ainda atraem interesse, mas o perfil do consumidor paulista demonstra cautela, priorizando compras planejadas e evitando gastos excessivos. Dessa forma, o varejo espera um novembro mais forte, embora sem picos de demanda, e busca preservar os gastos para o período de Natal.
