BEIJING/WASHINGTON/BRUSSELS (Reuters) – A recente decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de suspender a maioria das novas tarifas impostas a diversos países trouxe alívio aos mercados financeiros globais. Essa mudança ocorreu apesar do aumento das tensões na guerra comercial entre os EUA e a China.
Menos de 24 horas após anunciar novas tarifas, Trump reverteu sua posição diante da intensificação da volatilidade nos mercados financeiros, a mais intensa desde o início da pandemia de Covid-19. O anúncio teve um impacto positivo imediato: os índices acionários norte-americanos dispararam, com efeitos que se estenderam aos pregões asiáticos e europeus.
Antes dessa reviravolta, o clima de incerteza havia provocado uma significativa perda de trilhões de dólares em valor de mercado, além de um aumento nos rendimentos dos títulos do governo dos EUA, um fator que chamou a atenção de Trump.
Embora líderes europeus tenham saudado a decisão e expressado otimismo em relação a negociações futuras, a China respondeu rejeitando o que considera ameaças e pressões de Washington. Trump intensificou a pressão sobre Pequim, elevando as tarifas de importação sobre produtos chineses de 104% para 125%.
Desenvolvimentos na Guerra Comercial
A China, por sua vez, mantém sua postura firme. O porta-voz do Ministério do Comércio, He Yongqian, declarou que o país “seguirá até o fim” caso os EUA persistam em suas ações. Ele também afirmou que a China está aberta ao diálogo, desde que este se baseie no respeito mútuo. Na quarta-feira, Beijing havia imposto tarifas de 84% sobre importações dos EUA.
As tensões aumentaram quando Trump, afirmando que as tarifas visam corrigir desequilíbrios comerciais, deixou em aberto a possibilidade de uma resolução comercial com a China. Contudo, suas prioridades parecem se voltar para negociações com nações como Vietnã, Japão e Coreia do Sul.
A previsão de crescimento do PIB da China foi revisada para baixo pelo Goldman Sachs, que agora espera um crescimento de 4% em 2025 como consequência das tarifas. O iuan, moeda chinesa, caiu para seu menor valor em relação ao dólar desde a crise financeira global.
Na Europa, os rendimentos dos títulos da zona do euro aumentaram, com os mercados ajustando suas expectativas quanto a cortes nas taxas de juros pelo Banco Central Europeu em resposta à evolução da situação. As ações europeias também reagiram positivamente ao anúncio de Trump.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, destacou que a medida de Trump é crucial para a estabilidade da economia global. Ela enfatizou a importância de condições claras e previsíveis para o funcionamento do comércio e das cadeias de suprimento.
Além disso, a Índia manifestou interesse em acelerarar um acordo comercial com os EUA. Trump, ao reafirmar sua posição, reconheceu que a preocupação com os mercados influenciou sua decisão recente. “É preciso ser flexível”, afirmou ele a repórteres.
Tarifas Permanecem
A reversão de Trump em relação às tarifas aplicadas a outros países não é total. Uma tarifa geral de 10% sobre praticamente todas as importações dos EUA continua em vigor. Além disso, tarifas sobre automóveis, aço e alumínio permanecem aplicáveis. As tarifas relacionadas ao fentanil para produtos do Canadá e do México também continuam, devido à falta de conformidade com as regras do acordo comercial entre os três países.