A AgroGalaxy (AGXY3) concluiu um importante passo em seu processo de recuperação judicial ao obter a aprovação de seu plano, com o apoio de 82,4% dos créditos votantes, após mais de 12 horas de discussões com credores. A assembleia, que teve como resultado a aceitação do plano, se finalizou na madrugada desta quinta-feira, 10 de outubro.
Conforme destacou o CEO da empresa, Eron Martins, o processo de negociação envolveu diversos ajustes feitos em tempo real. “Sempre buscamos escutar o fornecedor e entender quais adaptações eram possíveis sem comprometer o plano”, comentou Martins durante a coletiva de imprensa.
Uma das negociações mais notáveis ocorreu com o Banco do Brasil, que é o maior credor da AgroGalaxy, com um total de R$ 391 milhões a receber. De acordo com Gustavo Salgueiro, advogado da empresa, o banco solicitou o adiamento da votação por um período de 30 dias, justificando a necessidade de mais tempo para avaliar as modificações propostas no início do mês. Essa solicitação, no entanto, foi rejeitada.
Após a votação, que resultou em 1.136 votos contra e apenas 79 a favor, com 23 abstenções, o Banco do Brasil optou por não converter seus créditos em ações da empresa. Em vez disso, o banco decidiu aceitar debêntures tradicionais de longo prazo.
Outra mudança importante foi a inclusão de uma modalidade de pagamento em dólares, que pode chegar a US$ 45 milhões. Essa adição visa atender fornecedores estrangeiros, especialmente multinacionais que exigem contratos em moeda estrangeira. Segundo Martins, a empresa já possui parte de suas receitas em dólares, o que possibilita um hedge natural, minimizando os riscos convertendo receitas e despesas na mesma moeda.
A assembleia também instituiu uma nova categoria de credores, chamados de “credores parceiros”. Esses são fornecedores que continuaram a realizar entregas mesmo após a solicitação de recuperação judicial e mostraram apoio ao plano. Para esse grupo, foram estabelecidas condições mais vantajosas, incluindo pagamento integral, sem descontos, com um período de carência de dois anos e um prazo total de quitação de dez anos.
Durante a assembleia, representantes do Santander e da trading Louis Dreyfus Company (LDC) requisitaram esclarecimentos sobre a venda de uma carteira de dívidas vencidas, que será estruturada como uma Unidade Produtiva Isolada (UPI). As dúvidas levantadas estavam relacionadas ao valor dos créditos e ao impacto no caixa da companhia. Salgueiro assegurou que todas as informações solicitadas foram fornecidas durante a sessão e oficializadas nos anexos do plano aprovado.
Com a aceitação do plano de recuperação, o documento será enviado para homologação à 19ª Vara Cível e Ambiental de Goiânia, com a expectativa de que uma decisão judicial seja divulgada nas próximas semanas. Enquanto isso, a AgroGalaxy está consolidando os dados da dívida ajustada com base nas modalidades de pagamento escolhidas por cada credor.