No dia 26 de março de 2023, durante uma audiência na Divisão de Apelações do Estado de Nova York, a juíza Sallie Manzanet-Daniels interrompeu a apresentação de um vídeo gerado por inteligência artificial (IA) que simulava um advogado. A magistrada expressou seu descontentamento, afirmando: “Eu não gosto de ser enganada”.
A audiência, que contava com a presença de um colegiado de cinco juízes avaliando diferentes casos com tempo limitado para argumentação, trouxe à tona uma situação inusitada. O primeiro caso foi apresentado por Jerome Dewald, um autor de processo trabalhista que não era advogado. Segundo informações do New York Times, Dewald havia anunciado previamente que utilizaria um vídeo como parte de seu discurso, mas não mencionou que a apresentação envolvia tecnologia de IA.
Durante a sessão, as imagens de IA, onde um homem simulava a fala, foram exibidas, mas logo foram interrompidas pela juíza. “Espera, esse é o advogado do caso?”, questionou Manzanet-Daniels. “Teria sido bom saber disso quando você fez a solicitação. Você não me informou, senhor”. Dewald, então, admitiu que o vídeo era gerado por computador e não representava uma pessoa real.
A juíza lembrou que o autor já havia comparecido ao tribunal anteriormente, onde testemunhou e interagiu com a equipe da juíza por aproximadamente 30 minutos. Ela indagou: “Você está sofrendo de alguma doença que te impeça de falar? Caso contrário, você não usará este tribunal para seus negócios”. Após essa intervenção, a magistrada orientou Dewald a falar diretamente, concedendo-lhe cinco minutos para sua argumentação.
Dewald se levantou e expôs seu caso, enquanto os juízes o ouviram atentamente, sem interrupções, antes de passar para o próximo processo.