Após quase três semanas de diálogo entre o governo brasileiro e o embaixador de Israel, a situação da morte do adolescente brasileiro em Israel continua sem uma posição oficial por parte do governo federal. O Ministério das Relações Exteriores, o Itamaraty, mantém a situação sob observação, principalmente através de diplomatas que atuam na região. Além do caso de Ahmad, há outros cidadãos brasileiros detidos em Israel sem formalização de acusações ou julgamentos, o que, segundo o Itamaraty, fere o direito internacional humanitário.
Um diplomata que conversou com a CNN destacou que é difícil determinar por que essas pessoas estão detidas. Ele acrescentou que, para Israel, esses indivíduos são considerados palestinos, desconsiderando a possibilidade de dupla cidadania.
O adolescente Walid Khaled Abdallah Ahmad, de 17 anos, faleceu na prisão israelense de Megido após ser detido na Cisjordânia em setembro do ano passado. As circunstâncias exatas da morte ainda não foram esclarecidas oficialmente. O corpo de Ahmad foi submetido a uma autópsia no Instituto Forense Abu Kabir, em Tel Aviv, cinco dias após seu falecimento, de acordo com o relatório compartilhado pela família com a CNN.
Os achados da autópsia revelaram sinais de desnutrição extrema, caracterizada por perda severa de peso e massa muscular. O documento aponta que Ahmad apresentava um estado caquético e queixas de ingestão alimentar inadequada desde dezembro de 2024. O pai do jovem, Khalid, afirmou que seu filho foi detido sob alegações de crimes, incluindo vandalismo e ataques a autoridades israelenses, entre 2020 e 2023. A família refuta essas acusações.
A organização palestina PPS também afirmou à CNN que Ahmad nunca foi formalmente acusado e que as audiências judiciais foram constantemente adiadas, levantando preocupações sobre a legalidade e a transparência do processo.
Em um contexto mais amplo, a situação levanta questões sobre os direitos humanos e as práticas judiciais em relação a cidadãos com dupla nacionalidade na região.