A Bodega Garzón se destaca por seus essências e refinados tannats, especialmente nesta que é considerada a melhor safra da história do terroir uruguaio. Recentemente, em uma visita a José Ignacio, no departamento de Maldonado, foi possível observar a excepcional qualidade das uvas colhidas no início de março, durante a tradicional Fiesta de la Vendimia.
As uvas do tipo vitis vinifera, utilizadas exclusivamente na elaboração de vinhos, têm características diferentes das uvas de mesa. Normalmente, essas uvas apresentam maior acidez, tamanhos menores e colorações mais intensas. Durante a colheita, experimentei algumas uvas marselan, e surpreendentemente estavam deliciosas. A casca desprendia-se facilmente da polpa e as sementes apresentavam uma crocância impecável. O som do ‘crack’ ao mastigar demonstrava a qualidade superior desta colheita.
Características do clima em 2025
De acordo com Christian Wylie, CEO da Bodega Garzón, as condições climáticas foram determinantes para o sucesso de 2025. “O verão foi atípico, com temperaturas muito baixas por cerca de 20 dias entre o Natal e o início de janeiro. Essa situação favoreceu o desenvolvimento dos polifenóis, cor e taninos das uvas”, afirmou Wylie.
É importante ressaltar que, em geral, a quantidade da colheita é inversamente proporcional à qualidade das uvas. Em 2025, foram obtidas 2,2 toneladas de fruta, o que representa uma retração de 5% em comparação a 2024. Apesar das ondas de calor serem uma preocupação, elas, na verdade, contribuíram para a concentração de açúcares nas uvas. Wylie explica que, ao contrário do que costuma acontecer, neste ano, o açúcar se desenvolveu por último, após a maturação da acidez, pH e cor.
Expectativas de produção
Os vinhos da Garzón são elaborados sob a supervisão do renomado enólogo italiano Alberto Antonini, famoso por seu trabalho na Toscana e na América do Sul. Durante as primeiras degustações de 2025, Antonini ficou impressionado com o potencial da pinot noir desta safra.
A Bodega Garzón prevê produzir até dois milhões de garrafas em 2025, incluindo o icônico rótulo Balasto, que é exclusivo de safras excepcionais. Durante a visita, tive a oportunidade de degustar a safra 2015 do Balasto, que passou 10 anos amadurecendo em caves e foi harmonizado com um menu assinado pelo renomado chef argentino Francis Mallmann. O resultado foi um vinho com um paladar equilibrado, aromas complexos e taninos aveludados.
*As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade dos autores e podem não refletir a visão do CNN Viagem & Gastronomia.
Sobre o autor
Stêvão Limana é jornalista formado pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e possui pós-graduação em enologia. Atuando como postulante a sommelier profissional e maratonista, Stêvão também cobre temas políticos e eleitorais na TV, enquanto sua atuação online é focada em vinhos e gastronomia.