Uma recente suspensão de tarifas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, resultou em uma elevação nos mercados globais na quarta-feira, dia 9. A Casa Branca informou que está em diálogo com diversos países sobre acordos de pausa nas tarifas de importação, indicando que novas reuniões e chamadas estão programadas para as próximas semanas.
No entanto, uma ausência notável se destacou: a China. Enquanto muitos países foram beneficiados por uma trégua de 90 dias, Trump anunciou um aumento nas tarifas sobre os produtos chineses, que agora chegam a um adicional de 145%.
Como resposta, Pequim anunciou restrições na exportação de filmes americanos, além de já ter elevado suas tarifas sobre produtos dos EUA para 84%. Essa escalada indica uma guerra comercial sem precedentes entre as duas superpotências, com ambos os lados esperando que o adversário ceda primeiro.
De acordo com dois altos funcionários da Casa Branca, os Estados Unidos não planejam contatar a China inicialmente; a expectativa é que Pequim tome a iniciativa. Trump mencionou que o presidente chinês Xi Jinping deve ser o primeiro a solicitar uma conversa, dado que é visto como a parte que provocou a guerra comercial ao aumentar as tarifas.
Esse recado foi transmitido de forma clara às autoridades chinesas nos últimos dois meses, mas Pequim tem sido relutante em organizar uma chamada, conforme relatado por fontes que acompanham as comunicações. Um dos principais obstáculos parece ser a aversão de Xi a ser visto como o lado fraco ao fazer a primeira abordagem.
Trump acredita que a China deseja um acordo que aumente as exportações americanas, reassuma o controle sobre o fentanil e restructure o TikTok para usuários nos EUA, mas a situação permanece incerta. Ele afirmou: “A China quer fazer um acordo. Eles simplesmente não sabem como”.
Desafios na comunicação
Nos últimos meses, os contatos entre líderes dos EUA e da China têm sido limitados, resultando em deterioração das relações. Embora comunicações em níveis inferiores estejam ocorrendo, não há diálogo eficaz em níveis elevados. Canais não oficiais têm se mostrado improdutivos, devido à rigidez das protocolos chinesas e à necessidade de preparar Xi para qualquer conversação significativa.
A China tem tentado estabelecer um canal mais direto utilizando intermediários, como o conselheiro de segurança nacional do presidente Joe Biden, Jake Sullivan. Porém, o governo Trump ainda rejeita a interlocução com o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, por considerá-lo distante do círculo íntimo de Xi e, portanto, não confiável.
Relações conturbadas foram evidenciadas por um mal-entendido em uma chamada entre Wang e o secretário de Estado, Marco Rubio, onde o conteúdo foi distorcido, fragmentando ainda mais o diálogo. Apesar das tentativas de comunicação por meio do embaixador da China nos EUA, a falta de um canal formal tem dificultado a organização de uma chamada necessária no âmbito diplomático.
Trump está disposto a considerar contatos abaixo do nível de liderança, se isso gerar resultados. Entretanto, a dinâmica atual indica que, para os Donald Trump, a responsabilidade recai sobre a China. Em contrapartida, Pequim reafirma que as negociações devem ocorrer em condições de respeito mútuo.
Em resposta ao impasse, a Casa Branca tem intensificado acordos comerciais com Japão, Coreia do Sul e Vietnã como uma estratégia para pressionar a China. Embora o governo dos EUA mantenha a possibilidade de abrir um canal inesperado, especialistas alertam que garantir um ambiente seguro e respeitoso para uma potencial conversa entre Trump e Xi é fundamental.
Consequências da rivalidade econômica
A China procura estabelecer comunicações diretas com Trump através de líderes empresariais próximos a ele. As relações iniciais que incluíam reuniões com figuras como Elon Musk não resultaram em avanços significativos. Pequim também considerou fechar operações de empresas norte-americanas no país, mas desistiu, temendo uma repercussão negativa entre consumidores e potenciais diálogos futuros.
A China está avaliando estratégias além da elevação de tarifas, incluindo compras de produtos agrícolas de outros países, como Brasil e outros da América Latina. As autoridades afirmam que essas manobras são ferramentas à disposição para potenciais conflitos econômicos, levando em conta que a proibição de exportação de alguns produtos pode ser considerado um agravante na rivalidade comercial.
Enquanto essa dinâmica se desenrola, há preocupação de que a escalada de tensões possa levar a uma verdadeira guerra comercial, cujas consequências ecoariam globalmente. A capacidade de ambos os lados de manobrar e influenciar economias determinará o grau de intensidade desse conflito.
Superpotências como EUA e China estão em competição direta, mas visões divergentes sobre as estratégias a serem adotadas complicam o panorama. Especialistas afirmam que um acordo abrangente parece distante, especialmente à luz das experiências passadas e da evolução da rivalidade nos últimos anos.