O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, afirmou nesta segunda-feira, 14 de novembro de 2023, que não tem a intenção de repatriar Kilmar Abrego Garcia para os Estados Unidos. O salvadorenho foi deportado por engano e atualmente encontra-se preso em El Salvador. A declaração foi feita durante um encontro com o presidente americano, Donald Trump, na Casa Branca.
No Salão Oval, Trump elogiou Bukele por permitir que o sistema prisional de El Salvador abrigasse deportados dos Estados Unidos, muitos dos quais são imigrantes associados a gangues. Durante a reunião, o presidente americano reiterou seu compromisso de deportar um número cada vez maior de imigrantes irregulares e anunciou que os EUA ajudariam o país centro-americano na construção de novas instalações prisionais.
O governo Trump tem deportado centenas de pessoas, especialmente venezuelanos, para El Salvador sob a Lei dos Inimigos Estrangeiros de 1798. Bukele, em resposta às acusações de que Garcia seria um terrorista ligado à gangue MS-13, afirmou que não possui autoridade para enviá-lo de volta aos Estados Unidos. “A pergunta é absurda. Como posso contrabandear um terrorista para os Estados Unidos?”, questionou.
Trump, que assumiu a presidência em janeiro prometendo reformar a política de imigração dos EUA, encontrou em Bukele uma conexão em seus esforços. Os migrantes aceitos por El Salvador ficam em uma prisão de alta segurança, uma ação que recebe críticas por violar os direitos humanos. Bukele defende que a repressão às gangues é necessária e, em sua visão, “libertou milhões” ao prender “milhares”.
O encontro entre os líderes também abordou a cooperação em segurança e políticas migratórias, além do uso do Bitcoin e das tarifas sobre importações salvadorenhas. Grupos de direitos humanos alegam que Bukele prendeu pessoas sem o devido processo, enquanto o presidente continua a refutar tais alegações.
Na semana passada, o Departamento de Estado dos EUA elevou o nível de segurança de viagem para El Salvador, creditando Bukele por reduzir a violência relacionada a gangues. Contudo, o governo americano deportou recentemente mais 10 pessoas acusadas de ligação com organizações criminosas. O secretário de Estado, Marco Rubio, elogiou a aliança entre Trump e Bukele como um modelo de segurança e prosperidade para a região.
Advogados e familiares de migrantes detidos em El Salvador contestam as acusações de envolvimento com gangues e afirmam que os deportados não tiveram a chance de defender-se. A administração Trump justifica as deportações com base em checagens de antecedentes de indivíduos vinculados a grupos como a Tren de Aragua e a MS-13, considerados organizações terroristas.
O caso de Kilmar Abrego Garcia, que foi direcionado ao Centro de Confinamento Terrorista em El Salvador em 15 de março, chamou a atenção após uma ordem judicial da Suprema Corte dos EUA determinar que ele deveria ser facilmenta retornado. Recentemente, Bukele ironizou a situação em suas redes sociais ao afirmar “Oopsie… Tarde demais”, após um juiz ter decidido que os voos que transportavam migrantes sob a Lei de Inimigos Estrangeiros deveriam retornar.
Trump afirmou que atenderá à decisão judicial se a ordem sair, embora, em uma ação judicial recente, a administração americana tenha argumentado que não é obrigada a ajudar Garcia a sair da prisão. Em contraste, o vice-chefe de gabinete da Casa Branca, Stephen Miller, defendeu que a deportação é legal e que Garcia pode ser detido indefinidamente.
Antes da reunião, manifestantes, incluindo a esposa de Garcia, se reuniram em frente à Casa Branca pedindo a retorno do salvadorenho aos Estados Unidos.