A gestora Verde Asset, liderada pelo gestor Luís Stuhlberger, emitiu um alerta nesta terça-feira, 8 de março, sobre os impactos da guerra comercial promovida pelos Estados Unidos. A empresa compara a atual situação econômica global com eventos semelhantes ocorridos durante a Grande Depressão de 1930, destacando um potencial choque na economia que pode levar à desaceleração e estagflação.
Em sua carta mensal de março, a gestora observa: “Os efeitos do ‘Dia da Liberação’ de Trump correm o risco de ser lembrados tão intensamente quanto sua contraparte de um século atrás.” Segundo a Verde, um aumento significativo nas tarifas comerciais pode levar a paralisia nas decisões de investimento das grandes corporações, dificuldades no repasse de preço e desafios para o Federal Reserve (Fed), que poderá enfrentar pressões inflacionárias, alta do desemprego e pressione políticas.
A Verde considera a recente queda nos ativos de risco e a valorização do dólar frente a moedas emergentes, bem como a desvalorização em relação ao euro e ao iene, como movimentos de mercado “razoáveis”. Apesar de uma correção observada no S&P 500, que caiu 9,6% nos primeiros dias de abril, a gestora alerta que seria precipitado afirmar que os ativos já estão subavaliados, dado o cenário de riscos à lucratividade corporativa.
No Brasil, apesar do Ibovespa ter avançado 6,1% em março, impulsionado pelo fluxo de capital estrangeiro e pelas expectativas em torno das eleições de 2026, a Verde classifica o otimismo observado como excessivo. “Acreditamos que é um otimismo injustificável, considerando a complexidade do panorama global”, comenta a gestora.
A Verde também destaca que a alta do mercado de ações não foi acompanhada por uma queda nas taxas de juros reais de longo prazo, que permanecem estáveis desde o final de 2024. O governo, segundo a análise, busca manter sua popularidade, mas isso pode complicar as ações do Banco Central, especialmente com iniciativas como o novo crédito consignado sendo introduzidas.
Atualmente, a gestora manteve sua exposição zerada na bolsa brasileira e ligeiramente vendida em bolsas globais através de opções. As posições foram reforçadas em juros reais no Brasil e em ativos indexados à inflação nos EUA, além de estratégias vendidas em Renminbi contra o euro e o dólar. A alocação em criptoativos e petróleo foi mantida.
Em março, o fundo principal da gestora, o fundo Verde, registrou um retorno de 0,58%, enquanto o CDI foi de 0,96%. No acumulado do ano, o desempenho do fundo foi de 2,79%, contra 2,98% do benchmark da classe.