Uma reportagem do jornal americano The Wall Street Journal apresentou o Brasil como um exemplo negativo das consequências do protecionismo, uma política atualmente defendida pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O artigo, publicado no dia 12 de outubro de 2023, argumenta que as altas tarifas impostas pelo Brasil, com a intenção de proteger empregos locais, resultam em custos mais altos para os consumidores e em um ambiente competitivo menos saudável, levando a uma indústria doméstica ineficiente.
A reportagem destaca que o Brasil ilustra um modelo econômico que assemelha-se à proposta de Trump de impor tarifas elevadas sobre quase todos os países. Segundo análise feita por economistas, as políticas de proteção tarifária, que datam da era da Segunda Guerra Mundial, conseguiram manter alguns empregos, mas elevaram os preços de produtos importados e sufocaram a concorrência e a inovação.
Por exemplo, veículos importados com motor a combustão enfrentam uma taxa de **35% de imposto de importação**, o que eleva significativamente seus preços. Essa situação leva muitos brasileiros a viajar ao exterior à procura de melhores ofertas, o que, conforme mencionado, frequentemente resulta em voos atrasados devido ao excesso de bagagem.
Além de impactar o bolso dos consumidores, a política protecionista do Brasil também inibe o surgimento de inovações. O Wall Street Journal menciona o caso do iPhone 16 fabricado no Brasil, cujo preço é quase o dobro do modelo produzido na China e vendido nos Estados Unidos por US$ 799. Essa discrepância reflete um desempenho econômico que, apesar da abundância de recursos naturais, não consegue competir de maneira eficiente no mercado global.
O periódico ressalta a significativa queda da participação da manufatura no PIB brasileiro, que despencou de 36% em 1985 para apenas 14% atualmente. O artigo classifica essa situação como "o pior exemplo de desindustrialização prematura no mundo", apontando que a estratégia de proteção tarifária fez pouco para fortalecer a produção industrial, resultando, pelo contrário, em uma diminuição da produtividade e no surgimento de escândalos de fixação de preços.
Em 2024, a produtividade dos trabalhadores brasileiros foi medida em menos de um quarto da produtividade de um trabalhador norte-americano. As empresas nos EUA, de modo geral, contam com uma infraestrutura superior, burocracia reduzida e um código tributário mais simples, fatores que contribuem para sua competitividade.
A narrativa sugere que o Brasil, ao se apoiar no consumo interno durante crises, cultivou uma cultura de complacência e protecionismo, resultando em produtos mais caros para os consumidores. O Wall Street Journal conclui que a experiência do Brasil deve servir como um alerta para os Estados Unidos, à medida que Trump considera aumentar tarifas na tentativa de reverter a desindustrialização. O artigo enfatiza que, embora o Brasil possua um vasto mercado interno, sua dependência do consumo doméstico pode ser tanto um benefício quanto um fardo, limitando sua influência e crescimento no cenário econômico global.