Os preços ao consumidor na China apresentaram queda pelo segundo mês consecutivo em março, intensificando a deflação nas fábricas. Este cenário ocorre em um contexto de escalada na guerra comercial com os Estados Unidos, levantando preocupações sobre um aumento nas exportações não vendidas, o que pode pressionar ainda mais os preços internos.
A economia chinesa vive um início de ano irregular, com vendas no varejo e expansão da atividade industrial superando expectativas, mas enfrentando altos índices de desemprego e pressões deflacionárias, o que alimenta pedidos por novos estímulos econômicos.
De acordo com dados do Escritório Nacional de Estatísticas, o índice de preços ao consumidor (IPC) registrou uma queda de 0,1% em março em relação ao ano anterior, em comparação a uma redução anterior de 0,7% em fevereiro. As expectativas de analistas, conforme pesquisa da Reuters, indicavam que os preços permaneceriam estáveis.
Julian Evans-Pritchard, chefe de economia da China na Capital Economics, afirmou que as pressões deflacionárias devem continuar nos próximos trimestres, evidenciando dificuldades para as empresas chinesas em exportar o excesso de oferta.
Os dados econômicos foram divulgados em um momento conturbado para a economia global, com os mercados financeiros demonstrando volatilidade após a implementação de tarifas pelos EUA em relação a seus parceiros comerciais. Apesar do alívio parcial concedido pelo presidente dos EUA, Donald Trump, na quarta-feira, ao reduzir algumas tarifas, a decisão de aumentar as taxas sobre a China acirrou ainda mais a rivalidade entre as duas maiores economias do mundo.
Em termos mensais, os preços ao consumidor caíram 0,4% em março, comparado a uma queda de 0,2% em fevereiro, enquanto a expectativa era de um recuo de 0,3%. O índice de preços ao produtor, por sua vez, caiu 2,5% em março ante o ano anterior, representando a leitura mais fraca em quatro meses, após uma queda de 2,2% em fevereiro, em contrariedade à previsão de recuo de 2,3%. Segundo o estatístico Dong Lijuan, a aceleração da deflação no setor produtivo está relacionada à diminuição dos preços internacionais do petróleo e a uma queda sazonal na demanda de energia após a conclusão da temporada de aquecimento no norte da China.