Minhas finanças

Por que estamos vivendo mais e poupando menos para o futuro?

Construir uma reserva financeira para a aposentadoria no Brasil é uma tarefa desafiadora. Especialistas apontam que isso está relacionado a hábitos culturais, econômicos e demográficos do país. A falta de uma cultura sólida de poupança, a preferência pelo consumo imediato e o aumento da expectativa de vida dificultam a preparação para o futuro, impedindo que muitas pessoas formem uma reserva que garanta conforto e segurança na aposentadoria.

A cultura de poupança ainda não está bem estabelecida entre os brasileiros. Historicamente, várias gerações viveram em um cenário de inflação alta, onde o valor do dinheiro poupado se desvalorizava rapidamente. Isso desestimulou a economia. Gleisson Rubin, diretor de Previdência do Grupo MAG, explica que essa convivência prolongada com a inflação prejudicou a mentalidade das pessoas em relação à poupança.

Nos anos 1990, o governo brasileiro lançou o Plano Real, que trouxe um novo tipo de moeda e ajudou a controlar a inflação, que antes ultrapassava índices altíssimos, chegando hoje a números mais estáveis, próximos a 4% ao ano. Apesar desse avanço, Rubin afirma que o controle da inflação é recente e a cultura de poupança ainda não se firmou entre a população.

Outro fator que complica a formação de uma reserva é o forte comportamento consumista no país. Muitas pessoas preferem gastar o salário imediatamente e até contrair dívidas para atender a desejos imediatos. Atualmente, mais de 75 milhões de brasileiros estão endividados, e isso ocorre, em grande parte, porque eles não querem abrir mão de adquirir bens e serviços imediatamente.

Esse padrão de consumo prejudica aquilo que seria necessário para garantir uma aposentadoria tranquila. Rubin menciona que a disciplina para abrir mão do desejo de gastar hoje em troca de uma mentalidade voltada para poupança no longo prazo é um grande desafio. Além disso, mesmo que as pessoas reconheçam a importância de poupar, isso não garante que consigam realmente fazê-lo.

O aumento da expectativa de vida também traz um novo desafio para o planejamento financeiro visando à aposentadoria. Devido aos avanços em tecnologia e saúde, o dinheiro que antes era planejado para o período de aposentadoria precisa durar muito mais do que no passado. Guilherme Hinrichsen, vice-presidente da Icatu Seguros, ressalta que a expectativa de vida maior requer um repensar das estratégias atuais de aposentadoria, pois as pessoas podem viver mais e até continuar trabalhando por mais tempo.

Com o aumento da longevidade, o planejamento financeiro deve ser mais preciso. Isso inclui considerar a fase de desacumulação, que ocorre quando as pessoas começam a utilizar o capital acumulado para sustentar seu padrão de vida na aposentadoria. A estratégia mais comum é o resgate mensal desse capital, funcionando como um “salário” retirado ao longo do tempo. Além disso, as seguradoras oferecem planos de renda vitalícia ou determinados por um período fixo, garantindo que a pessoa tenha uma mesada mensal, mesmo se viver muito além do esperado.

Esses planos são fundamentais porque lidam com as incertezas sobre a expectativa de vida e o momento de aposentadoria. A seguradora, nesse caso, assume o risco de garantir estabilidade financeira, mesmo que o aposentado viva por 10, 20 ou 30 anos ou mais após se aposentar.

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