Política

Eleições de 2026 e o impacto no Copom e na inflação de 2027

Em 2026, a política monetária do Brasil deve ser mais conservadora, com o Banco Central atento às pressões inflacionárias que podem surgir em 2027, especialmente em meio a incertezas eleitorais. Esta análise foi apresentada por Rodrigo Azevedo, gestor de macroestratégia da Ibiuna Investimentos, durante um evento em São Paulo.

Azevedo destacou que, em 2026, o Banco Central focará na inflação de 2027, cujos resultados dependem bastante das decisões tomadas nas eleições. Ele traçou dois cenários possíveis para a economia em 2027: o ajuste coordenado e o ajuste desordenado.

No cenário de ajuste coordenado, o novo governo poderia implementar políticas fiscais controladas, ajudando a estabilizar a economia. Com isso, a confiança dos investidores aumentaria, levando a uma redução na taxa de inflação a médio prazo, mesmo que isso resulte em uma recessão no curto prazo.

Por outro lado, o ajuste desordenado ocorreria se o novo governo decidisse manter a política econômica atual sem realizar mudanças relevantes. Nesse caso, os mercados poderiam reagir de forma negativa diante do aumento da dívida em relação ao PIB, resultando em um cenário caótico, semelhante ao que aconteceu em 2015 e 2016. Azevedo alertou que, nesse segundo cenário, a inflação em 2027 provavelmente ficará distante da meta estabelecida.

Diante dessa incerteza entre os dois cenários, o Banco Central terá desafios ao conduzir a política monetária em 2026. Azevedo apontou que, com a dificuldade em prever a inflação futura, o Comitê de Política Monetária (Copom) deve adotar uma postura cuidadosa e evitar cortes rápidos na taxa de juros.

Apesar da taxa Selic de 15%, considerada alta sob qualquer perspectiva, com juros reais acima de 10%, Azevedo notou que a economia brasileira não está exigindo cortes de juros imediatos. Ele mencionou fatores positivos, como o desemprego em níveis históricos baixos, um setor de crédito funcional e o aumento da massa salarial como sinais de que a economia não está em crise.

As expectativas de inflação para os próximos anos, especialmente 2027 e 2028, estão instáveis, o que reforça a necessidade de cautela por parte do Banco Central. Azevedo acredita que, se houver cortes na taxa de juros, eles devem ocorrer em um momento posterior, à medida que o cenário econômico se torne mais claro.

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