O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comunicou a seus auxiliares que o deputado federal Guilherme Boulos, do PSOL de São Paulo, deverá ser anunciado como novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência. Ele substituirá Márcio Macêdo, que deixará o cargo. A formalização da mudança deve ocorrer após o retorno de Lula de sua viagem aos Estados Unidos.
A decisão foi compartilhada pelo presidente com ministros e dirigentes do Partido dos Trabalhadores (PT) durante o final de semana, antes de sua viagem. A saída de Macêdo para candidatar-se nas eleições do próximo ano é respaldada pelo PT de Sergipe, que se mobilizará para apoiar sua campanha. O líder do PT no Senado, Rogério Carvalho, de Sergipe, firmou este compromisso.
Desde o início do ano, Lula considera a inclusão de Boulos em sua equipe ministerial como parte de uma reestruturação do governo. A nomeação está alinhada com a estratégia de revitalizar o apoio social para 2026, especialmente entre os jovens. A Secretaria-Geral da Presidência, onde o novo ministro assumirá, é responsável por interagir com movimentos sociais.
Com essa mudança, Lula dará à sua gestão a 13ª alteração ministerial desde que assumiu em 2023. Além da saída de Macêdo, também está prevista a saída de Celso Sabino do Ministério do Turismo, atendendo à exigência do União Brasil, partido ao qual ele pertence. Lula deve se encontrar com Sabino em breve para tratar da transição.
A decisão de nomear Boulos ocorre em um contexto em que uma parte da base aliada do presidente demonstra interesse em apoiar uma candidatura de direita nas eleições futuras. Lula busca fortalecer sua base de esquerda para garantir um apoio sólido até 2026.
Outro aspecto importante dessa mudança é a intenção de melhorar a presença do governo nas redes sociais, especialmente em resposta a críticas que surgem de setores bolsonaristas. O objetivo é aumentar a visibilidade do governo online, semelhante ao que ocorreu durante a campanha presidencial de 2022.
Para Boulos, essa nomeação pode representar uma chance de recuperar sua influência política, que foi afetada após a derrota na eleição para a prefeitura de São Paulo em 2024. Ele foi o deputado mais votado da cidade em 2020, quando chegou ao segundo turno da disputa pela Prefeitura.
Cerca de cinco meses atrás, Lula sondou Boulos sobre a possibilidade de ele abrir mão de concorrer a uma vaga na Câmara dos Deputados para se juntar ao governo até o final de 2026. Boulos aceitou, afirmando que sua prioridade é a reeleição de Lula.
Uma das dificuldades que o presidente encarou ao fazer a reforma ministerial é a exigência legal que obriga os ministros a deixarem os cargos até seis meses antes das eleições, caso queiram se candidatar. Atualmente, estima-se que cerca de 20 ministros deixarão seus postos para concorrer, e Lula já deixou claro que não deseja nomear novos ministros que planejam sair em abril de 2026.
Além disso, a reacomodação de Macêdo, que é próximo tanto de Lula quanto da primeira-dama, Janja, também apresenta desafios. Ele deve ser recompensado por seu apoio nas eleições.
Boulos, que lidera o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), recebeu apoio direto de Lula em sua candidatura à Prefeitura de São Paulo, onde o presidente intercedeu para que o PT apoiasse sua campanha, promovendo uma chapa que contou com Marta Suplicy como vice.
Durante a transição de governo em 2022, Boulos chegou a ser cogitado para um ministério e participou de um grupo de trabalho. Porém, como já era candidato à prefeitura naquela época, a nomeação não se concretizou.
Originalmente, o nome mais considerado para o cargo de Secretaria-Geral era o de Gleisi Hoffmann, ex-presidente do PT. Contudo, com sua nomeação para a articulação política, Boulos passou a ser uma das opções favoritas para a vaga. Em maio, Lula também promoveu alterações ministeriais na tentativa de se conectar mais com o campo da esquerda, substituindo a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, por Márcia Lopes.
